Camponês - Alan Ottoredu
17-08-2010 10:42És filho da terra,
Como todos nós...
E esta mesma terra,
Está farta de misérias...
E carente de carinho e cuidado.
...A mesma terra de nossos avós...
Por lei de partilha,
És herdeiro, do lote de chão...
Mas insano, só te relegam,
Lotes e mais lotes, de dividas e incompreensão,
Desrespeito e humilhação...
...Mas quem trás a fronte encharcada?
E as mãos grossas de tanto insistir?
Insistir em não desistir...
O tempo aquele velho senhor,
Também te lavra a existência...
E junta manojos de penúrias...
Pra te ofertar sempre...
Mas tua fibra e valentia,
Não se desgastam como as pedras das sangas...
Mesmo vilipendiado pela estrutura dominante,
Mesmo esquecido, pela “santa igreja”,
Mesmo com lagunas empoçadas nos olhos...
O teu andar e os teus passos prosseguem.
A carreta da vida leva teus sonhos...
Mesmo ressecados, mal dormidos e outros tantos judiados...
...Domador das próprias necessidades...
A cada manhã uma nova peleia,
A terrunha guerra de alimentar os seus e os da cidade...
Tu és aquele que proseia, inclinado,
Com o canto das enxadas...
Que vela as sementes “mortas”
E vê elas, nascerem na rebeldia agrária,
Da insistência da vida...
No triunfo que dorme na terra escura,
Nutrindo todo o gênero humano...
O Sol da Esperança
Ilumina o dia do Porvir
Na noite da Igualdade...
Que os luares de fraternidade,
Hão de clarear e frestear,
Até os ranchos mais taperas...
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