Meu Piá - Adenir Paz da Silva

17-08-2010 10:43

Nasceste perfeito e roliço
igual a um sol de verão,
forte como um redomão
e livre que nem o vento.
Eu vi no teu crescimento
um gaúcho de futuro,
um gaudério pêlo duro,
um homem de fundamento.

Te ensinei os meus costumes
tirados da tradição,
aprendeste a lição
de saber e respeitar,
do caminho que trilhar,
domar a vida de jeito,
tirar baldas e defeitos,
de perder e de ganhar.

Também ensinei pra ti
acreditar no Criador,
Ele é o nosso Senhor,
dono de tudo o que existe,
do feliz como do triste,
do feio e do bonito,
daquilo que está escrito,
do que eu vi e do que viste.

Praticar sempre o bem
acima de todas as coisas,
só pensar em coisas boas
deixando o ruim para trás,
ser tranqüilito no más,
cumprir sempre tuas promessas.
Ser correto é o que te resta,
para orgulho do teu pai.

Eu deixo pra ti, piá,
um exemplo de jornada,
pois já estou no fim da estrada
evitando de chegar.
Tens um longo caminhar,
e esta é a herança que eu te deixo:
um baixeiro e apetrechos
pra tua vida iniciar.

Pro teu conforto na andança,
um bom cavalo encilhado,
troteador e já domado
que se chama Bem-te-vi,
Tires proveito, guri,
daquilo que te contei,
que os tocos que tropiquei
sirvam de atalho pra ti.

Te deixo uma natureza
maltratada pelo tempo.
Eu fui um dos elementos
que, pra ganhar uns trocados,
aumentei campos pro gado,
fiz coivaras e plantação,
e desnudei este chão,
não tive o menor cuidado.

Enfim, tens a raça crioula,
de mim és continuidade,
te dei a paternidade,
meu nome e também meu sangue,
não esperes que eu te mande.
Vai, pois a vida te espera,
mas não deixes virar tapera
a cultura do Rio Grande!

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